Cobertura do show em Porto Alegre (07/04)

,

O Avenged Sevenfold é uma máquina de fazer surpresas e despertar emoções, e não é de hoje que muitos sabem disso  -fãs ou não – . Eram 6 da manhã quando, após 20 minutos tentando achar o local, cheguei com mais 26 pessoas na Casa do Gaúcho, em Porto Alegre. Haviam cerca de 60 pessoas na fila, alguns desde segunda-feira esperando pelo show da banda californiana.

Muitos daqueles jovens, ou kids como os integrantes da banda costumam chamar, nasceram nos primeiros anos de formação da banda; e estavam lá, cantando as músicas e com as camisetas dos rapazes de Huntington Beach que nos fizeram estar ali, juntos, naquele dia.

Visão geral da fila

Como não podia deixar de ser, aconteceram algumas confusões: organização da fila, uma lista que fizeram para garantir que quem estava até a hora em que chegamos ficasse na frente do povo. Imagine.

Desde às 8h da manhã comecei a ligar para a produtora que ficou responsável pelo credenciamento. Aí você me pergunta: Porquê Paula? E eu respondo: Porque eu fui a ÚNICA que não recebeu email de confirmação.

Bom, quando recebi a confirmação da credencial, representando o Deathbat Brasil, liguei para meu primo vir me buscar para que, depois de tanto tempo acordada e ansiosa, pudesse descansar e passear pela capital.

E mesmo com 24 horas sem dormir, meu corpo não queria saber de descanso, não havia jeito de horizontalizar o esqueleto e eu que já não aguentava mais a pressão das horas que insistiam em não passar, voltei para o local do espetáculo. No meio do caminho, a produtora me ligou pedindo desculpas por não ter enviado o email, mas que eu ficasse tranquila (como se pudesse), que meu nome estava na lista. Pulei de alegria. Chegando na Casa do Gaúcho, depois de uma vistoriada no Lago Guaíba (que tem um dos mais belos pôr-do-sol do mundo), fui conversar com os seguranças do local. Pedi que me deixassem tirar fotos pelo vidro – sendo que na verdade eu queria estar lá dentro, onde a banda já estava prestes a fazer a passagem de som, reconhecimento de palco e aquecimentos. Um dos técnicos – o que fica responsável pelas guitarras do Synyster Gates – , veio até a porta com uma Syn Custom branca que fez o público delirar. No fim das contas, tirei uma foto, essa de baixo, que mostra a montagem do cenário – uma força-tarefa para que tudo saísse perfeito.

Montagem do palco

Encontrei uma menina, e infelizmente não peguei seu nome, que fez um casaco SULLIVAN para um ursinho de pelúcia que ela jogaria no palco logo em seguida, e não foi só ela que trouxe presentes para a banda: fãs assinaram uma bandeira do Rio Grande do Sul personalizada com uma Deathbat, bem como bandeiras brasileiras, várias cartas e lembranças foram para lá.

Fã com presente para a banda

Ali pelas 17h da tarde, um fotógrafo, devidamente equipado com uma CANON (não pergunte o modelo e o resto que eu não sei), veio falar comigo e com o pessoal dos outros sites e alguns fãs que estavam por ali (e eu me encaixava em todas essas definições), pois ele estava fazendo um documentário sobre a turnê no Brasil (que depois de finalizado, seria entregue para a banda) e acabei por dar meu depoimento e mostrar minha THE REV DEATHBAT (tatuada na panturrilha direita) para ele. Eternizado o momento, continuemos com a review.

A responsável pela imprensa chegou uma hora e meia atrasada, fazendo com que eu ficasse mais furiosa com a organização brasileira, pois inviabilizou o reconhecimento do local antes da entrada do público. Subimos para o mezanino, metade ocupado pelo camarote VIP da Heineken, metade por uma cozinha especial para os convidados.

Visão do mezanino

Estava tirando algumas fotos do público entrando quando fomos chamados para receber o adesivo de credenciamento dos fotógrafos, apesar de eu estar com uma câmera amadora (FUJI 8.1) e quase em catarse devido ao meu choro.

Desculpa a cara de choro, mas é muita emoção.

A banda TRILL, que fez a abertura do show, recebeu os bons e maus sentimentos que estavam nas vozes dos avengers, elogios e xingamentos se confundiam com os “SEVENFOLD, SEVENFOLD” emitidos por quem estava lá.

Conseguimos entrar na barreira por 5 minutos, o palco estava vazio e um silêncio tomou conta de mim enquanto os bombeiros nos avisavam que seria impossível ficar lá, pois, antes mesmo do show começar, pessoas já estavam sendo retiradas da platéia passando mal. A barreira havia sido feita muito próxima do palco, o que podia nos colocar em risco de acidente.

“Sou baixinha, não me importo”, exclamei, “Qualquer coisa, me enfio embaixo do palco” (diga-se de passagem, dava acesso ao camarim e estava lotado de amplificadores, mas sonho meu). “Desculpa meu anjo, mas se alguém te atingir, vou ter de te levar ao hospital”.

Dos poucos minutos que pudemos ficar na barricada, a foto da bateria do Arin

No fim das contas não pudemos, durante o show, ficar por ali, mas tirei algumas fotos da bateria do Arin que estava perfeitamente posicionada (o sonho de muitos drummers como eu). Eis que olho para cima, querendo encontrar algo para pegar, fotografar, filmar, quando vejo aquele púlbito se dirigindo a mim, carregado por Jason Berry e sendo montado, logo em seguida, na parte central do palco, onde eu estava.

Jason Berry montando o púlbito central

– “You want me to stop? To photograph?”

– “Oh no Jason, keep working”

– “Ok, so good job for us”

E nesse momento Jason saiu. Poucas palavras, eu sei.

Dali, tivemos de subir para o mezanino novamente, de onde pudemos fotografar e filmar ( no meu caso, no auge da minha emoção de estar lá, assumo que as fotos não foram legais e que o pedaço de Critical Acclaim que filmei foi curto, mas melhor que nada), não foi o melhor lugar, mesmo para quem estava com câmeras profissionais. Após as duas músicas, fomos liberados e saí correndo, desci as escadas e fui empurrando o pessoal para ir para a lateral do palco, enquanto Shadows falava, antes de Welcome to the Family, que estava diante de um dos públicos mais incríveis para o qual eles já haviam tocado. Eu estava em um filme 3D, a música havia começado e todas aquelas pessoas, aquele som chegando até mim, era uma unidade, uma coisa só, um só coração que pulsava na marcação dos pés nervosos do jovem Arin.

Destaque merecido para os sutiãs que estavam pendurados nas barras da mesa de som, diversas cores e tamanhos, assinados, alguns rasgados, outros intactos.

Sutiãs, sutiãs e mais sutiãs

Assisti ao show entre a case do Zacky Vengeance e alguns roadies, que quando passei mal, me trouxeram água e me ajudaram – Menezes, muito obrigada – e além disso, ouviram minha história. Um deles subiu ao palco no final de Unholly Confessions, pegou a toalha que ficou na frente da bateria (usada por todos da banda) e me deu. Naquele momento eu sabia que ou continuava chorando ou tinha um ataque cardíaco.

Preferi chorar e agradecer.

Toalha branca (usada por todos), toalha preta (do Johnny), botton do Johnny e minha camiseta


Na volta, o Menezes (o roadie acima citado), subiu novamente ao palco, me deixando ali no meio daquela gente estranha, abordou o Johnny Christ (por quem, todos sabem, nutro um carinho imenso), falou com ele apontando para mim e arrancou a toalha de rosto preta que estava em suas mãos. Johnny resgatou seu pertence e passou em seu rosto milhares de vezes (sente minha emoção nesse momento) e entregou a ele. Aqueles passos que me separavam dele eram moderados por Dan Abell que não deixava eu chegar nem perto do aço da escada, e quando todo mundo começou a gritar querendo aquela toalha, ela veio e pousou na minha mão “essa é sua”, disse (o mesmo roadie que me fez conversar em inglês com ele e só depois disse que eram brasileiro – ponto pra ti).

Dan Abell não deixando ninguém passar

Durante o intervalo, o ensurdecedor pedido de quase 5 mil pessoas era “PIECE OF HEAVEN”, evocado repetidamente, por cada um que lá estava, embalado por batidas de mãos e pés. M. Shadows subiu ao palco primeiro, pegou o microfone e perguntou: “What you are screaming? Piece of Heaven?” (O que vocês estão gritando? Piece of Heaven?), os fãs concordaram com um YEAH que balançou as estruturas do lugar, “We’re not playing it on this tour. We forgot how to play it…” (Nós não estamos tocando ela nessa turnê. Nós esquecemos como tocar ela…”), mas não adiantava mais, cada vez que Matt falava, o público entrava em coro, o que surtiu efeito, pois após 10 músicas em perfeita sintonia com a banda, Shadows recompensou-nos: “Ok, just for you guys” (Ok, só para vocês pessoal). E o que México, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba esperavam, aconteceu: A Little Piece of Heaven, para desespero dos roadies que tiveram de subir com as guitarras específicas (quase caindo do palco), iniciou a volta do intervalo. Fãs choraram, fizeram o backing vocal que emocionou a banda. Logo veio Fiction, e ao final, nitidamente, Matt estava emocionado e chorou (o que poucos viram  – ali da lateral – foi ele deslocar os óculos escuros e secar suas lágrimas, momento esse que jamais vou esquecer e precisava compartilhar). Save Me veio para fechar com chave de ouro o espetáculo, que não poderia deixar de ser descrito como INTENSO.

Como de costume, e como muitos falaram, Zacky, Johnny e Synyster atiraram ao público suas palhetas, Arin suas baquetas (que chegaram até ao fundo do mezanino – o que não era assim tão difícil) e Shadows algumas garrafas d’água (???). Zacky, então, veio até a lateral do palco e jogou uma palheta na direção dos roadies (onde eu estava) e deu risada porque caiu na cabeça de um deles, ficando alojada por causa do gel. Esse roadie (americano) olhou ao redor e quando me viu disse “you’re the girl that Menezes told us about?” (você é a garota que o Menezes nos contou a história?), eu disse que sim, obviamente, e então ele pegou minha mão e colocou a palheta “so, that’s yours” (então, essa é sua).

Palheta Zacky V.

Não podia esperar mais nada, a não ser agradecer imensamente e ouvir um aviso do Dan: “It’s over everybody, get out and let’s clean here” (Acabou pessoal, vamos saindo e limpando tudo aqui”.

Foi assim que terminou o apocalipse da minha vida, a mudança legítima depois de 10 anos esperando por esse dia.

Parabéns ao Arin, Johnny, Zacky, Matt e Syn e ao público que fez o show mais espetacular da minha vida. Show que jamais vou esquecer, que espero ser o primeiro de muitos, que desejo tanta coisa que é impossível descrever. Palmas para nós que fizemos dessa turnê no Brasil uma das memoráveis na história do Avenged Sevenfold.

Palmas a James Owen Sullivan que nos uniu e unirá sempre a família avengeriana.