Revisão de texto – Paula Biazus
Durante a última semana, o Avenged Sevenfold se apresentou no Brasil, arrastando milhares de fãs para os shows que aconteceram no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Como já é de costume, filas enormes se formaram na porta das casas de show que receberam a banda americana, e muitos fãs tiveram que madrugar para conseguir os melhores lugares.
A tarefa de madrugar na porta de casas de shows não é fácil, e exige muito das pessoas que se propõem a fazer isso, pois não há conforto, comida e banheiros. Mas todo esforço é valido quando se tem a oportunidade de ver seu ídolo ainda mais de perto.
No show do Rio, uma dessas fãs que sofreu para acompanhar seus ídolos foi Bárbara Domingues, de 19 anos, que chegou por volta das 15:00, e nos conta sobre as dificuldades e como foi tempo até que a hora do show chegasse. “Cheguei muito tarde pra fila porque já eram quase três da tarde e quando entrei no estacionamento do Via Parque dei de cara com um mar de camisas pretas e pessoas mais novas do que eu, mas as horas foram passando e chegaram pessoas de outras faixas etárias.
Teve uma hora que eu cheguei a desanimar, pois estava muito atrás e achei que veria eles de muito longe até que encontrei um amigo da minha irmã que estava lá desde às 10hs esperando, e ele chamou a minha irmã e eu para ficarmos na fila pois ele estava no começo da fila. Pensei duas vezes antes de ir já que o pessoal que estava lá na frente penou mesmo, estavam desde muito cedo e cheguei a pensar na falta de respeito com eles.
Acabou que eu fiquei perto do pessoal mais animado da pista comum, que cantava sem parar até a hora da abertura dos portões. Mas enquanto não abria, o povo zoava e cantava as músicas mais hilárias que você pode imaginar teve de Lua de Cristal até a Dança do Caranguejo. Se eu não me engano, os portões abriram às 20:30 e a confusão já começava por ali, comecei a ser empurrada, e só pensava na minha irmã mas tivemos sorte,entramos junto com os nossos conhecidos e ficamos no segundo degrau colados com a grade e como e sou alta vi o palco perfeitamente sem cabeças na minha frente mas isso foi até Nightmare começar.
De acordo com o meu relógio,eles entraram às 22:05 e o povo da pista comum enlouqueceu, era uma coisa que estava começando a me assustar, é óbvio que eu sabia que teria muita confusão, mas as pessoas foram muito mal educadas na parte que eu fiquei da pista. Pra mim, Critical Acclaim e Nightmare foram as músicas que mais agitaram o pessoal, e vi muita gente a minha volta sendo socada, a galera queria pegar aquela grade de qualquer jeito, era incrível. Vi duas meninas a minha volta passando mal ainda em Critical e a agitação só continuava, já me sentia cansada em Nightmare e olha que o show estava apenas no começo!
Eu passei o show inteiro em transe, parecia que eu não estava acreditando que estava vendo um show deles já que antes eu estava acostumada a ver só o meu LBC em casa, chorei em todas as músicas, chorei muito mesmo, quase desidratando e foi aí que eu me ferrei.
Minha irmã passou mal em Buried Alive e eu fiquei desesperada, ela foi parar lá atrás e eu saí empurrando todo mundo até ela ficar do meu lado. Só que uma garota que estava perto de mim achou que eu queria passar gente na frente dela e começou a me xingar. Nem escutei o que ela falou só passei minha irmã pra frente. Passei o resto do show segurando minha irmã pela barriga até que comecei a ficar muito tonta em Fiction. Resisti mas a minha visão ficou turva e quando vi que não estava mais conseguindo enxergar o Shadows, me desesperei saí cambaleando. Save me começou, ela foi à trilha sonora dessa hora. Chega a ser irônico.
Ninguém percebeu que eu estava quase caindo e cheguei (não me pergunte como) na lateral do palco, o segurança do Citibank me carregou e cheguei ao posto médico, mas quando ouvi ‘Save me – I’m losing my only dream Save me – I can use some guiding light, some place to go’ saí correndo de volta pra pista pouco me importando se depois dali eu iria direto para o hospital. Fui irresponsável? Sim. Agi feito criança? Sim, mas vi Save Me até o final. Depois disso tomei muita água pra me hidratar, recuperei os sentidos e o show que eu tanto sonhei acabou.”
Já em São Paulo, quem nos conta os apertos que passou é Edival Gonçalves Gomes, de 19, que praticamente madrugou na fila, e sofreu até entrar no show. “Não havia dormido muito, afinal fiquei trabalhando até tarde e ainda fui fazer trabalhos da faculdade, mas a minha esperança era que eu fosse um dos primeiros da fila. Tomei banho, comi algo e sai com um saco para dormir dentro da mochila alguns lanches, dinheiro para comprar camiseta e o ingresso em mãos. E Assim, Fui rumo ao Credicard Hall, após 10 minutos escutando conselhos da minha mãe (risos).
O relógio marcava 04:50 quando cheguei por lá, e chegando lá me deparo com apenas sete pessoas na fila, abri um sorriso de meio metro, pois seria um dos primeiros, mas a alegria durou pouco, pois suspeitei que poderiam abrir a entrada atrás do Credicard Hall, próxima a Av. João dias. Dito e feito sai correndo para chegar lá, a sorte é que duas pessoas que eu havia conhecido por na fila já tinham ido. Chegando lá contei 40 pessoas na minha frente, ainda sim tive sorte.
A partir daí começou a espera, para passar o tempo, ficava ouvindo o álbum Nightmare. E assim todo cara que passava com forro, ou uma calça mais grudadinha estilo Justin Bieber todos ‘metiam o pau’, e assim a fila ficava engraçada. As Horas passavam, o sono tentava chegar, mas logo espantava andando, lendo ou twittando. Ai começou a aparecer o pessoal vendendo camisetas, tratei de comprar logo a minha, e lá se foram os últimos centavos do meu salário.
As horas foram passando e o tempo começava a mudar. Do nada veio à chuva, e choveu muito, a ponto de ter que dividir um guarda chuva simples, com cinco pessoas. As 12:30 com 30 minutos de atraso, abriram os portões, e lá fomos para dentro do Credicard. Por volta das 15:30 me deparo com uma tremenda confusão, a fila já não estava mais organizada, e tinha se tornado num monte de gente aglomerada, era empurra-empurra, estava começando a ficar com calor.
Após isso, começou a guerra de comida’ um fato até engraçado, mas logo a segurança interveio e expulsou duas pessoas da fila. Mas então começou outra confusão, pois os seguranças queriam que fossemos para trás, pois eles abririam as grades justamente no meio da fila, e a confusão estava armada, pois eram informações não confirmadas, segurança querendo tirar gente da fila, pessoal discutindo. Era perto das 18:00 e eu já estava impaciente com tudo isso, e queria entrar logo.
As 18:15 abriram os portões, e começou o corre-corre, era gente que não acabava mais. Finalmente passei meu ingresso. Eram 20:00 e nada de começar o pessoal impaciente, um empurra-empurra miserável. As 20:30 ouvi os primeiros sinos de Nightmare, mais uma vez o empurra-empurra começou, mas eu não tava mais nem ai.
Quando vi o M.Shadows, não me contive e comecei a gritar e cantar para valer. Na segunda música (Critical Acclaim) eu me descabelei, chorei, e cantei muito, mas não era só eu, pois o coro em todas as músicas era tão alto, que quase não dava para ouvir o Shadows, eu já estava sem voz na segunda musica.
Passado todo o show, retornei a minha casa ainda sem acreditar no que tinha acabo de ver. Minha roupa estava encharcada de suor, mas ainda assim, cada milésimo de esforço valeu a pena. Eu apenas posso dizer que foi o melhor show da minha vida, e o melhor dia também.”
Em Curitiba foi a vez de Victor Henrique de Santana de 17anos, que teve de se deslocar de Londrina até Curitiba para acompanhar o show. “Bom, no começo do ano, quando fiquei sabendo que o Avenged viria novamente para o Brasil, não queria de jeito algum perder de novo a oportunidade de vê-los tocando ao vivo. Já no dia seguinte
comecei a chamar uma galera, e pretendia alugar uma van para São Paulo. Estava tudo certo, mas quando começaram a vender os ingressos, todos os integrantes da van desistiram, então eu fiquei desesperado, e depois de horas pesquisando, encontrei uma van que saía de Apucarana para Curitiba, e que, na ida passaria em Londrina, onde moro.
Entrei em conta to com o organizador, e garanti minha vaga, imediatamente comprei meu ingresso, pois temia que se esgotassem logo. O show foi na quarta (06/04) a noite, mas o horário de saída da van seria na madrugada de terça para quarta. Chegou terça feira, a ansiedade era muita, afinal, seria a primeira vez que veria meus maiores ídolos.
Eram 22:00, tomei um banho, coloquei minha carteira e uma blusa na bolsa, vesti minha camiseta do DeathBat, e esperei até 23:30 para ir ao local de partida, a van sairia daqui às 00:00. Chegando ao local, me deparei com dois avengers, que por hora também estavam à espera da van. Batemos um papo, bebemos um pouco, e nada do nosso transporte. O resto da turma chegou, e somente quando era 01: 15 a van chegou, conferiram os nomes, e quando deu 01:34 saímos em viagem rumo ao melhor dia da minha vida.
Coloquei no DVD a discografia do A7X, e começou a jornada, o motorista da van não sabia exatamente o local do Curitiba Master Hall, portanto tivemos de para várias vezes para pedir informações. Depois de muitas paradas, muita música boa, e muuuita bebida e zoação, chegamos em Curitiba às 09:12 da manhã. A primeira coisa que fiz após esses 380 Km de viagem foi correr para o final da fila que já tinha uns 150 metros.Eu e uns colegas que fiz amizade na van ficamos lá na fila durante aproximadamente 1 hora, depois deixamos as garotas lá, e fomos dar um role, para conhecer o local.
Desde o momento em que cheguei, estava planejando furar a fila bem no início, para poder ficar bem pertinho dos caras, contei sobre minha idéia para o Weslei (meu então companheiro de show) e ele concordou comigo. Fomos ao shopping próximo ao Curitiba Master Hall, demos umas voltas por lá, sentamos no sofá, e descansamos um pouco da viagem. Já passavam das 11:30, decidimos almoçar, e depois voltar para a fila.
Almoçamos no restaurante do mercado, demos um tempinho lá no shopping, e os caras decidiram comprar um Arguile. Após feita a compra voltamos lá pra frente do Curitiba Master Hall, quando cruzamos com as garotas que havíamos deixado na fila. Elas estavam reclamando de que a tudo havia virado uma zona, e que não havia mais fila alguma. Fomos então para a sombra, ao lado da van, deitei, e acabei dormindo no chão durante aproximadamente 1 hora.
Ao acordar, meu nariz estava sangrando novamente, (ele havia sangrado bastante anteriormente, durante a viagem), pois eu tenho um problema de Rinite. Ele sangrou durante uns 5 minutos sem parar, e começou a me dar dor de cabeça, acredito que por causa do sol e do calor, que estavam bastante intensos. A coisa que eu mais temia naquele momento, era passar mal e perder o tão esperado show.
Fiquei deitado no chão na sombra com os meus colegas, e então eu e Weslei fomos dar uma “volta” pela fila; zuamos as pessoas que estavam fritando no sol, nos encontramos com uns colegas, conversamos um pouco, e decidimos dar uma volta pelo quarteirão para “conhecer o local”. Do lado oposto à entrada, avia um estacionamento, e olhando bem, pudemos avistar a porta do Master Hall; despistamos a mulher da guarita, e lá estávamos nós, no local onde dali a algumas horas seria aquele show incrível.
Demos um migué com os seguranças, dizendo que estávamos organizando a hospedagem dos rapazes, mas fomos expulsos de lá. Era aproximadamente 17:30, meu nariz voltara a sangrar; eu e Weslei fomos até o posto próximo dali, para comprarmos algum energético. Após comprarmos, convenci-o a irmos até o Shopping, para jogar uma água na cara e limpar o nariz.
Levei uns 10 minutos no banheiro, praticamente tomei um banho, após sair de lá, sentei em um sofá do Shopping junto a meu amigo, e decidimos permanecer lá durante uns 15 minutos para descansar, e após isso, voltaríamos lá para furar a fila, já eram 6:15. Não se passou nem 1 minuto desde que nos sentamos, e o celular tocou. Eram os caras da van dizendo que os portões já haviam sido abertos, e que eles já estavam lá dentro.
Saímos correndo pelo Shopping, feito loucos, ao chegar lá, a van estava fechada, e nossos alimentos (precisamos levar, pois havíamos comprado ingressos promocionais) estavam lá dentro, trancados.
‘Fodeu’, procuramos um local próximo para fazer a compra, mas por fim tivemos de correr até o posto, novamente, para comprar 1Kg de arroz. Após feita a compra, era a hora de furar fila.
Avistei um rapaz que estava sozinho, e entre os 10 primeiros da fila, já cheguei puxando um papo com ele. Estava feito, conseguimos furar a fila, logo no início.
Após passar pelo primeiro portão, entramos em um corredor enorme, onde todos os outros estavam apertados, esperando para entrar. Fomos empurrando as pessoas pouco a pouco, e conseguimos avançar de 5 a 7 metros até pararmos ao lado de um casal. Estas seriam as horas finais de tanta espera, e as passamos como sempre, zombando dos outros, provocando as menininhas, e nos enturmando com os demais. Cansado de esperar, abri meu pacote de arroz, e eu e Weslei começamos a jogar nos outros, alguns se irritaram. Achei uma garrafa d’agua jogada no chão, e tive a idéia de abrí-la e arremessá-la lá para frente.Eu estava enrolando para jogar a água, então a moça que estava ao meu lado, tomou a garrafa da minha mão e jogou-a, o povo se irritou mais ainda. Estávamos zoando com todos lá.
Então chegou a nossa vez de entrar. Estava sendo formada outra fila, dessa vez de um a um, quando passei pelos seguranças no 2° portão, avistei um amigo meu, na entrada do Master Hall, saí correndo ao lado da fila, e deixei para tráz umas 200 pessoas, Weslei veio em seguida; fiquei lá ao lado do meu colega, e ninguém se atreveu a reclamar, passamos por outros seguranças, e finalmente entramos no local do show.
Sai correndo pela pista, e fiquei a uns 7 metros do palco, minha posição era boa, mas eu queria mais, pouco a pouco, fui empurrando as pessoas, e me aproximando do palco, avancei uns 2 metros ( acredite, isso é muito naquele empurra-empurra ). Já se havia se passado 1 hora lá dentro, o suor era muito, e a sede também, mas não sairia do meu lugar por nada neste mundo.
Finalmente, quando deu 21:30, pude ouvir aquele sonzinho tão conhecido da introdução de Nightmare, o povo começou a pular e berrar, eu também os acompanhei; começara o tão esperado show. A primeira coisa que me lembro de ter dito foi: “puts, os caras existem”.
No fim do show, depois de muita briga, consegui uma palheta do nosso fodão Johnny Crist, Weslei pegou três. Acabou o show, todos estavam saindo, e roucos, mas eu continuava a berrar como louco a ultima frase dita por Shaddows: “Tonight, we all die” Alguns reclamaram por eu estar berrando alto, mas durante uns 3 minutos não parei de gritar essa frase, estava tão feliz, que não me importava com o que os outros pensavam, afinal, eu tinha acabado de ter a melhor noite da minha vida.
Voltei para a van, estava muito cansado, e todo molhado com suor, dores nas pernas e nos braços causados pelo esforço de me manter no lugar, mas com certeza, passaria tudo de novo, viajaria quilômetros, faria tudo o que possível, para poder viver novamente o dia 06/04/11.”
E por fim no ultimo show do Avenged Sevenfold no Brasil que aconteceu em Porto Alegre no dia 07/04/201, e quem nos dá seu relato, é Ivana Molina Zoppade de 19 anos, que chegou a porta do show quatro dias antes. “Tudo começou no dia 09 de fevereiro, quando o site oficial do Avenged Sevenfold confirmou o show em Porto Alegre. Nesse dia, então, olhei no calendário e vi que cairia numa quinta feira. Decidi que iria pra fila na segunda feira, 4 dias antes. Eu só precisava de companhia pra não ficar sozinha lá. Falei com uns amigos meus, e eles toparam ir comigo. Éramos em 5, mas a pouca quantidade não me faria desistir do meu maior sonho nos últimos 7 anos.
Então, até abril chegar, tive que ir planejando tudo cautelosamente para que nada desse errado. Dito e feito, na véspera do dia em que eu iria acampar (domingo), saí com meus amigos que iam comigo pra gente dar a cartada final antes de começar a grande semana. Tudo certo, só me restava esperar que o outro dia chegasse logo.
Acordei lá pelas 10h de segunda feira, dia 04/04, muito nervosa. Minha mãe não foi trabalhar, e fez almoço pra mim. Almocei, tomei banho, peguei as coisas e ela me levou pra Casa do Gaúcho. Cheguei lá eram 13h. Estava sozinha, apenas com a minha cadeira de praia. Perguntei no estacionamento com quem eu poderia falar sobre a fila. Me mandaram entrar na casa e falar com um cara que eu esqueci o nome. Cheguei nele e perguntei onde eu poderia começar a fila pro show de quinta feira. Ele achou que eu tava brincando, e começou a rir. Quando ele viu que era sério, ele arregalou os olhos e perguntou quem estaria junto. Eu disse que mais tarde viriam 4 amigos meus, e o resto eu não sabia. Ele disse que eu podia ficar na frente da porta mesmo. Abri minha cadeira, sentei e comecei a chorar. Era MUITA emoção ser a primeira da fila, a primeira de quase 5mil pessoas. Liguei pros meus melhores amigos pra dizer que eu tinha conseguido! Fiquei sozinha lá até as 16h, eu e meu mp3 com toda discografia do Avenged Sevenfold. A notícia logo se espalhou, e muitas pessoas foram lá falar comigo, espantadas e me chamando de louca por ir pra fila tão cedo. Quando deu 16h, meus amigos chegaram lá com comida, barraca, cadeira, cobertor, etc. Fui correndo e abracei um deles, que era o único que sabia o significado que isso tudo teria pra mim. Enquanto o tempo passava muito devagar, ficamos lá atirados num canto, conversando sobre a vida no geral. O palco então começou a ser montado, e a gente começou a tirar fotos.
Na quarta-feira, como eu estava há mais de 24h sem dormir, não teve jeito. Me deitei num canto, com meu cobertor, e fiquei observando os outros conversarem. Tudo que passava pela minha cabeça é que era difícil passar por tudo aquilo, mas que eu ia dar meu máximo pra fazer valer a pena. Acabei adormecendo por umas 2h. Acordei, ainda tava escuro, e só tinha 1 acordado. Ficamos refletindo juntos. Logo que amanheceu, começaram a chegar mais pessoas com barraca. Começou, então, a cair minha ficha de que o show tava perto e era real. O sol nasceu, e meus amigos seguranças chegaram. Me chamaram num canto, e perguntaram o que eu faria pra conhecer a banda. Fiquei sem palavras, porque eu realmente daria minha vida por eles. Disseram, então, que conseguiriam três pulseiras Vips pra entrar no camarim, e que eu podia escolher mais 2 pessoas pra irem comigo. MEU CORAÇÃO DISPAROU NA HORA! Não conseguia acreditar que tinha ouvido aquilo. Comecei a tremer e lacrimejar, e eles pediram pra eu ficar calma e não falar pra ninguém. Chamei o John (menino que era fã que nem eu) e o Diego (meu amigo muito fã também que tava acampando comigo). Conversamos, e nós três ficamos perplexos de felicidade. Precisaríamos de dinheiro, mas não podíamos deixar essa chance escapar. A alegria começou a contagiar muito, e perto do meio dia já eram 30 pessoas na fila. De tarde, quando começaram a tirar as cadeiras e mesas do restaurante lá de dentro, minha ficha caiu. Eu ia realizar meu sonho, e de pertinho. Me segurei, mas não consegui esconder a emoção. Comecei a chorar sem parar. Era uma alegria sem fim.
Na quinta feira, dia 07/04, acordei as 08:00. O grande dia finalmente tinha chegado. Era um dia especial, que eu sabia que marcaria minha vida pra sempre. Tomei meu banho, me arrumei, peguei meu bichinho de pelúcia escrito A7X na barriga, peguei minha caneta pra autografarem ele e fui pra fila de ônibus.
Cheguei láumas 10h, e a fila tava enooooooorme. Devia ter umas 300pessoas já, e os primeiros já estavam dentro de grades. Meus amigos tinham ido pra casa largar as coisas do acampamento. Fui pro começo da fila, e me botaram na frente de todo mundo. Chegou 18h, começou a escurecer, e já estava lotado de imprensa, seguranças e pessoas. Foi então que a emoção voltou, e não segurei o choro. Os portões abririam as 19h, e um amigo segurança meu veio me falar que o chefão de lá ia liberar primeiro só eu pra entrar, e depois o resto. Comecei a chorar mais ainda pela consideração que todos tiveram comigo. Dito e feito, me liberaram, cheguei na porta, dei o ingresso, e entrei. Corri pro palco bem na frente de onde o Matt Shadows ficaria. Quando alcancei a grade, minha felicidade explodiu. Todo sofrimento que eu passei na fila, dias sem dormir, sem comer direito, tudo tinha valido a pena! E com certeza, eu faria tudo de novo, e ao triplo.
Durante o show da banda de abertura, a massa de pessoas começou a empurrar com tanta força que a grade começou a quebrar. Não me importava com isso, nada me tiraria dalí. Quando a banda de abertura saiu do palco, encheu de seguranças ali na frente pra resolver o problema da grade, enquanto arrumavam o palco com os intrumentos do Avenged. O Avenged, então, que entraria às 21h, entrou só às 22h. TODA CASA DO GAÚCHO FOI AO DELÍRIO QUANDO A INTRO DE NIGHTMARE COMEÇOU! Arin entrou, sentou na bateria. Logo depois, entrou o Synyster, o Johnny e o Zacky. E, por fim, entrou o Shadows berrando “Nightmare!”. E ali começava o momento mais esperado das 5mil pessoas lá dentro. Uma música atrás da outra, uma melhor que a outra. Eu tirava fotos, tremia e cantava berrando ao mesmo tempo. Foi então que, quando estavam tocando Beast and the Harlot, Johnny C hrist se aproximou de mim. Inspirei fundo, e gritei “JOHNNY!” com toda a minha força. Ele olhou pra mim, sorriu e piscou.
No fim do show, quando eles saíram do palco, corri pra perto do John e abracei-o. Eu e ele estávamos sem fala, sem pensamentos, só chorando loucamente. Então, ele disse que a gente tinha que procurar o segurança pra pegar as pulseirinhas e entrar no camarim. Fomos atrás, e achamos ele. Ele disse que conseguiria, mas só pra um de nós. Então, o John me disse “Vai tu Ivi, tu merece”. O segurança me levou pro mezanino, onde entrava no camarote. Ele abriu uma porta, e disse “Não posso ir contigo. Segue reto, desce umas escadas e tu acha o camarim deles”. Foi, então, o que eu fiz.
Quando cheguei lá embaixo da escada, tinha um corredor lotado de seguranças, e uma porta que dava pra rua onde estavam carregando os caminhões com os equipamentos da banda. Pensei: “Os seguranças certamente não vão me deixar passar. Vou esperar aqui na porta, e quando eles saírem eu falo com eles”. Fiquei ali então, quando passou um outro segurança (que também era meu amigo) e disse que eu não podia estar ali e que era pra eu me esconder. Fiquei quieta ali, olhando os caras trabalharem. De repente, vejo Jason Berry, o roadie do Avenged. Meu coração disparou de novo, porque ver ele ali significava que a banda tava perto. Corri até ele, falei com ele em inglês, e pedi pra tirar uma foto. Tirei. Ele ficou muito feliz, deu pra ver isso no tom de voz dele. Foi então que ele disse que já voltava, e entrou numa salinha. Quando ele voltou, trouxe uma sacola com uma toalha, e disse que era a toalha do Shadows. Mais uma vez, minhas lágrimas começaram a cair e eu o abracei e agradeci com todo meu coração. Ele saiu. Quando o momento estava chegando, passou um homem e disse “O que essa guria tá fazendo aqui?”, e eu pensei “Ah não…”. Meu amigo segurança falou alguma coisa com ele, e ele disse “Ela não pode ficar aqui, tira ela daqui agora!”. Comecei a ver meu maior sonho se afastar. Meu amigo segurança disse que o clima lá tava tenso, e eu precisava ir embora. Me levou até a cerca, me deu um abraço e pediu pra eu não chorar porque eu era a menina mais sortuda de todas; que muita gente daria a vida pra chegar onde eu cheguei, e que eu devia sempre me orgulhar disso. Agradeci por toda ajuda que ele me deu, e fui encontrar meus amigos. ”
É consenso entre os entrevistados que os dias em que os shows aconteceram foi o melhor dia de suas vidas. Não só para os entrevistados, todos os Avengers que foram aos shows durante a passagem do Avenged Sevenfold em terras tupiniquins devem ter o mesmo sentimento. Fica registrada aqui uma pequena parte da felicidade que todos os fãs da banda californiana. “Me orgulho de ter sofrido para chegar até aqui, e tudo ter valido a pena. Com certeza, essa semana do show vai ficar pra sempre na minha memória. Foi a melhor da minha vida em sete anos, porque tudo que eu mais almejava, eu consegui. Não faria nada diferente, muito pelo contrário. Faria tudo de novo, com a mesma intensidade, se é que não seria possível aumentá-la. Enfim, essa é a minha história de vida, quando a felicidade no meu coração explodiu, transbordou pelos meus olhos, e deixou a maior cicatriz no meu pensamento e coração”, encerra Ivana.