Sobre o show
São Paulo, por Ana Falchi. Muito calor, calor, frio, muito frio. Garoa, chuvinha de verão, chuva mais grossa, calor de novo. Fome, sede, vontade de ir ao banheiro. Só quem é forte consegue encarar a instabilidade climática de São Paulo. Só quem é forte consegue sair de casa cedinho e ficar na rua o dia inteiro. Mas quando a gente quer muito alguma coisa, nem se incomoda com isso… Além do mais, era o Avenged Sevenfold!
12 de março, 12h. Foi a essa hora que cheguei na fila, consideravelmente pequena. Fui até o começo dela para tirar a dúvida e vi que o pessoal que estava acampando desde o dia 28 de fevereiro estava lá, firme e forte, com a ansiedade estampada em cada rostinho que eu vi. Ao que me parece, eles tinham uma lista com nomes de pessoas que iriam chegar e entrar ali na frente, o que acabou irritando bastante gente que estava lá atrás da fila. Só para constar, a felicidade desses que estavam no início da fila era contagiante. A Júlia Reis, que mora em Peruíbe, litoral sul de SP, estava em um grupo de acampamento e revezamento, pegou a grade da Pista Premium e aguentou o tranco, não largou de jeito nenhum. Sonho realizado.
A fila da Premium vinha descendo as escadas do local e virando na rua, na frente do Espaço das Américas. A grade cercava toda a calçada e centenas de pessoas de camiseta preta com “Avenged Sevenfold” estampado sorriam e se empolgavam por estarem ali vivendo aquele momento. A Isabela Andrade contou pra gente que dormiu na fila do dia 11 para o dia 12 e também conseguiu pegar a grade da Pista Premium. “Meu amigo jogou a bandeira do Brasil no palco e o Shadows ficou impressionado com a quantidade de nomes escritos”, disse ela. Na mesma vibe, a Laís Mariana disse que ficou muito triste quando não pode comparecer ao show da banda em São Paulo em 2011, mas que superou essa dor indo ao Rock In Rio e, agora, ao show do dia 12 – e o bacana é que a mãe a acompanhou! “Eu e minha mãe saímos de casa super cedo e não reclamamos em nenhum momento das longas horas na fila ou do cansaço, pois sabíamos o que estava por vir”, disse ela.
O show estava previsto para começar as 21h30 e, pasmem – como em 2011, as cortinas abriram exatamente a essa hora. O primeiro a aparecer? Synyster Gates, acompanhado pelos gritos do público, olhava maravilhado para a multidão que estava ali para assisti-lo. Em seguida vieram Johnny Christ, Zacky Vengeance e Arin Ilejay que, ao subir na bateria (que estava na parte superior do palco), olhou da mesma maneira que Gates para o público.
O solo inicial de Shepherd of Fire começou a ecoar pelas enormes caixas de som da casa de show e não demorou muito para que M. Shadows aparecesse e subisse no (famoso) banquinho central gritando “São Paulo!” e cantando perfeitamente, como no CD, “let’s take a moment and break the ice!”, levando a multidão à loucura. “Fui de Pista Premium e passei mal desde a primeira música”, conta Laís Hiromi. “Lá pela quinta música fui saindo pela lateral para pedir socorro, pois não conseguia mais respirar. Perdi a Eternal Rest, mas, quando voltei, curti o show mais de longe e com certeza foi o melhor dia da minha vida”, afirma.
O show seguiu (com sutiãs sendo jogados no palco e, claro, M. Shadows fazendo piada com Johnny pelo fato de o baixista gostar de ‘peitos grandes’). Critical Acclaim, Beast and The Harlot, Hail To The King (“a song about a king”, disse o vocalista, mais uma vez levando o público à loucura antes de a canção começar) e Doing Time. Quando a música acabou, os integrantes deixaram o palco e Shadows trocou algumas palavras com o segurança, Big T, que os acompanhou para o backstage. Então Buried Alive começou. Para a surpresa de todos, três dos fãs que estavam acampados há uma semana apareceram no palco! Não sendo o suficiente, um desses fãs, identificado como Renan por algumas pessoas, cantou Buried Alive – e sem desafinar, contando com a aprovação de M. Shadows.
O show seguiu com Seize The Day. Nós percebemos que essa música seria tocada quando Zacky trocou a guitarra por seu violão de estimação. Antes mesmo de qualquer outro sinal de que essa seria a próxima canção, todos já gritávamos loucamente. Seguiram com Nightmare e Eternal Rest. Synyster, como andava fazendo nos últimos shows, tocou seu solo e, mais uma vez, mostrou rapidez, habilidade e criatividade. O Avenged Sevenfold continuou com Afterlife, This Means War e Almost Easy. “O show ultrapassou as minhas expectativas. Estou cada vez mais apaixonada pelos caras”, disse Carol Souza, que ficou catorze horas na fila e também passou mal durante a apresentação, precisando ser retirada por um segurança. Mas, claro, voltou à plateia depois.
Como de praxe, depois de Almost Easy os músicos se despediram, deram tchauzinho e saíram do palco. As luzes apagaram. Sem demoras, o coro começou: uma parte gritava “Sevenfold, Sevenfold, Sevenfold!” enquanto outra estava com “Little Piece, Little Piece, Little Piece!”. Por cima da gritaria, a voz potente de M. Shadows ecoou pelo local: “vocês querem mais?”, perguntou ele. “VOCÊS QUEREM MAIS?”. Em questão de segundos, Unholy Confessions começou. “Vocês estão cansados?”, questionou para a plateia, que respondeu um sonoro “NÃO!” e foi ao delírio com “I’ll try! She said as he walked away.”.
Mas ainda não havia acabado. M. Shadows falou várias vezes durante o show do orgulho da banda de estar aqui, afinal, segundo eles, os fãs brasileiros são os mais loucos. Para a surpresa de todos – embora a setlist não tenha mudado em comparação com os últimos shows na Argentina e no Chile –, todos nós ficamos loucos quando percebemos o que estava por vir. “We’ll play a song about sex. A song about murder. A song about sex after murder”. Só isso já foi o suficiente para todos pirarem ao som de A Litlle Piece of Heaven, última música da setlist. “ALPOH foi o ponto alto da noite. Foi emocionante e exatamente do jeitinho que eu imaginei que seria… Nada faria essa noite ser mais incrível”, contou Lorraine Perillo, da equipe do Deathbat Brasil, que veio do Rio de Janeiro exclusivamente para assistir a esse show.
As mãozinhas dos fãs gravando energicamente as músicas podem ser vistas em qualquer vídeo que esteja na internet. Como eu, aposto que as gravações desse dia tão marcante ainda serão vistas milhares e milhares de vezes. O fanatismo do público brasileiro explica o orgulho que esses caras devem sentir por terem fãs tão maravilhosos que vêm de todos lugares do país, mesmo com dificuldades financeiras, só para assistir a um show deles. É, Avenged Sevenfold… Se o objetivo de vocês era se tornar uma das melhores bandas do mundo, vocês conseguiram.
Show de São Paulo teve cenas gravadas para novo DVD
O show de São Paulo, foi protagonista de uma parte do novo DVD do Avenged Sevenfold. M. Shadows contou aos fãs durante o show que câmeras estavam posicionadas para gravar parte da apresentação, que será inserida em um DVD da Hail To The King Tour. O vocalista também disse estar imensamente orgulhoso dos fãs paulistanos e afirmou adorar o Brasil.
O novo DVD da banda ainda não tem data para lançamento e nenhuma informação a respeito foi divulgada. Vale lembrar que o último e único DVD lançado oficialmente foi o Live In The LBC, em 2008.
Setlist
Galerias de fotos:
(Fotos por Stephan Solon via site Midiorama)
(Fotos por Renan Facciolo/Roadie Crew.)
Mais fotos:
Site Wikimetal
Uol Música
Fernando Yokota para Whiplash
Vídeos
(Fã sobre no palco para cantar Buried Alive. Outros vídeos do show por Gabriel Pontelli, aqui)
Matérias na mídia:
Uol: Em SP, Avenged Sevenfold mostra que pode ser substituto para Iron Maiden
Rolling Stone Brasil: Sem muitas surpresas, Avenged Sevenfold fez show com o público na mão em São Paulo
Território da Música: Avenged Sevenfold arranca gritos, coros e peças de lingerie do público em São Paulo
Play TV: Avenged Sevenfold faz show épico em São Paulo
Rock Roize: Resenha do primeiro show do Avenged Sevenfold em São Paulo
Reduto do Rock: Com público fiel, Avenged Sevenfold faz show elétrico, mas sem surpresas em SP